Tem como objetivo profissionalizar os usuários residentes das instituições assistenciais, que em sua maioria apenas passam por um curto período de permanências nestes estabelecimentos, normalmente de 6 meses, e que depois, por não terem nenhum direcionamento profissional, recaem no abismo psíquico que os levou a decidir por utilizar o confinamento. A proposta é a de levar um conhecimento técnico profissionalizante na etapa de classificação e beneficiamento de plásticos, num curso prático de 480 horas dado em 6 meses, visando transferir aos participantes uma expressiva carga de conhecimento prático que lhes permita ser reinserido no mercado de trabalho tão logo deixe a instituição em que foram acolhidos, gerando, simultaneamente, uma renda tanto aos participantes do programa, quanto à instituição que os acolhe, como forma de contribuir na manutenção de seus custos operacionais.
Em visitas a várias instituições que prestam assistência a dependentes químicos, notou-se que, salvo as atividades religiosas que quase sempre embasam este tipo de estabelecimento, poucas possuem atividades que possam realmente engajar o usuário num processo de profissionalização eficaz que o prepare para enfrentar o mercado de trabalho após sua saída do estabelecimento. Exemplos relevantes existem, como foi constatado em nosso primeiro trabalho, em 2007 na instituição chamada Desafio Jovem em Santo André, com o pastor Walter, que possui uma excelente indústria de panificação, na qual são produzidos centenas de deliciosos pães que são vendidos diariamente pelos próprios usuários da casa. Em outra, em Poá, os usuários plantavam cogumelo em galpão preparado para este fim específico. Já no Raio de Luz, em Rio Grande da Serra, com o pastor Dario, não existia nenhuma atividade específica, e ali foi levantado um pequeno galpão para o fim específico de separação de plástico. Também na ABOMORA de Mogi das Cruzes, onde fizemos as palestras, não havia nenhuma atividade aos usuários, que ficavam andando prá lá e prá cá, com as mentes vazias, e alguns tinham que sair pra cuidar de carros nas ruas, como forma de ocupação paliativa. Assim, a motivação principal foi garantir que estas pessoas pudessem aprender algo que fosse possível executar em vários locais após saírem de seu curto período de permanência nas instituições que os acolheram, surgindo então o projeto PROPUIA
No Desafio Jovem, em 2007, muitos dos usuários que tinham problema de dormir, que até surtavam no meio da noite, passaram a dormir feito anjos, em função do trabalho que executavam durante o dia. No Raio de Luz, em 2010, conseguimos a doação de 4 toneladas de materiai que foi utilizado para ensinar os usuários, e gerar renda a eles pelos serviços de separação.
Preparar o espírito dos usuários para aceitar uma responsabilidade
A convivência com os Catadores (as) é extremamente rica, pois a troca de experiências sobre suas lutas nos vários movimentos (locais, regionais, estaduais, nacionais) e as conquistas diárias para melhoramento de seu trabalho, além do comportamento habitual (mais contidos, muito experientes no trato com as comunidades, entre outros) é muito particular e exclusiva. Dialogar, entender o funcionamento da Cooperativa, a dinâmica interna (liderança, presidência), suas necessidades para projetos (incluindo projetos mais práticos, como o carrinho elétrico que vem para amenizar esforço e gerar maior renda individual).